quinta-feira, 12 de setembro de 2013

SERÁ O FIM DOS JOGOS ABERTOS DA BAHIA?

Os Jogos Abertos do Interior da Bahia, foram criados em 1964, por cidadãos comuns ligados ao esporte, tinham por finalidade fomentar, e democratizar o acesso ao desporto no interior do estado além de aproximar os diversos municípios em uma competição esportiva. 

Hoje, um dos seus objetivos principais é de revelar talentos, o problema é que tem revelado muito pouco ou quase nada, dessa forma o esporte amador baiano perde cada vez mais importância e espaço para outros estados, principalmente do Nordeste. É inadmissível para um estado do tamanho e importância da Bahia com mais de 400 municípios, tenha em 2013 a realização de apenas três zonais e mais a final, uma vez que já houve anos que chegaram a ter mais de 12 zonais com a participação maciça dos municípios, parece que hoje realizam os JAI só para fazer de conta que estão fazendo alguma coisa, sem se interessar pela quantidade, qualidade nem o incentivo e desenvolvimento do esporte baiano.

As Cidades com interesse em participar ou sediar os jogos diminui a cada ano, mesmo que nos últimos anos tenham havido muitos e importantes... investimentos na construção de equipamentos esportivos (quadras abertas e cobertas, piscinas e outros), o atual modelo e gestão dos jogos não atraem a participação e esses equipamentos construídos com a finalidade de incentivar a pratica esportiva ficam subutilizados.

Alguns fatores contribuem diretamente para a diminuição nas participações dos municípios, a obrigatoriedade da graduação em Educação Física e carteira do órgão de Classe dos técnicos das equipes, atestado médico de todos os atletas do município que participarão da competição, obrigatoriedade da inscrição em Súmula de Jogo de 04 atletas de 15 a 20 anos em modalidades coletivas, limitação do número de atletas convidados, além da excessiva burocracia para a participação de residentes nas cidades. 

Graduação dos técnicos

Exigir que os técnicos tenham graduação em Educação Física além da carteira do CREF, vai de encontro a escassez nas cidades do interior da Bahia de faculdades do referido curso e conseqüentemente o limitado número de profissionais desta área trabalhando com esporte na maioria das cidades , isso mostra a total falta de conhecimento da realidade do esporte amador no interior do estado por parte da organização dos JAI. 

Outro ponto importante, quem sempre fez ou faz a organização das equipes e dos jogos na maioria dos municípios, são ex. atletas, aposentados, policiais, voluntários, empresários, profissionais liberais, funcionários públicos e outros, que não tem curso de formação em Educação Física que estão lá simplesmente porque gostam e é o que tem mantido o esporte de quadra no interior existindo. O que chama a atenção é que em competições organizadas pelas Federações, parceiras na organização dos jogos, não ha exigência de apresentação de Carteira de Órgão de Classe.

Exigência de atestado

Muitas cidades não têm médico para atendimento básico da população, então com certeza não podem como disponibilizar um profissional qualificado para avaliar e atestar a condição de saúde dos atletas de uma delegação inteira. A organização dos JAI deveria ver outra forma de se resguardar, será que esse atestado tem mesmo validade legal? Será que o correto não seria a organização dos jogos fazer um seguro específico para o evento? A responsabilidade não pode ser apenas dos municípios, não podem querer podar os jovens de participarem da competição pela pura falta de estrutura do sistema de saúde 

Atletas entre 15 e 20 anos 

Se o objetivo é revelar atletas, ao invés de exigir que jovens de 15 a 20 anos joguem contra outros de 30 ou mais correndo o risco de lesões graves durante os JAI, o mais viável seria a realização de competições de base envolvendo as cidades do interior, como acontecia no passado com os jogos intermunicipais, onde participavam atletas com no máximo 19 anos e naturalmente surgiriam atletas para representar suas cidades.

Atletas convidados e residentes 

Não deveria haver tantas exigências na participação de atletas, como o próprio nome diz os jogos são “abertos”, deveriam seguir o exemplo os jogos de outros estados como os de São Paulo, que são realizados com muito sucesso e a participação maciça das cidades, onde muitas são representadas pelos atletas que disputam competições oficiais estaduais, nacionais e internacionais pelos municípios, e na sua maioria são nascidos em outros estados e cidades, aumentando significativamente o nível dos jogos abertos daquele estado. 

Aqui na Bahia é o contrário, equipes que participam de Campeonatos Baianos e outras competições oficiais não podem representar a cidade, se estas tiverem atletas nascidos em outros municípios, muitos já jogam há muito tempo em equipes locais que lhe deram a oportunidade de mostrar seu talento, más mesmo assim ficam de fora, as equipes de que se desfazer para participarem da competição. 

No atual modelo dos JAI, muitas atletas ficam fora, por que seu município de origem não participa dos jogos, ou então não tem a sua modalidade e o mesmo não será aproveitado em nenhuma equipe do seu “Território de Identidade”, pelas questões já citadas. Nada justifica tanta burocracia, bastaria o atleta ter nascido ou estar residindo no estado da Bahia e provar apresentando comprovante de votação da última eleição, junto a isso continuaria o direito das equipes terem dois convidados e as que participam de competições oficiais há pelo menos 2 anos e comprovem isso representariam normalmente as cidades.

Agora, se o objetivo equilibrar e nivelar os jogos, o correto seria criar divisões, em um primeiro momento uma 1ª divisão formada pelas cidades mais estruturadas esportivamente e que já foram campeãs de zonais ou finais e na 2ª divisão as cidades que nunca foram campeãs, com uma ou duas subindo da 1ª para a 2ª divisão e vice versa a cada ano, isso com certeza deixariam os jogos realmente “abertos” como era antes, motivando a participação de mais cidades e atletas.

O Papel da organização dos JAI

A coordenação além de cobrar tanto dos municípios também deveria fazer corretamente a parte que lhe cabe, como por exemplo, vistoriar com antecedência as cidades que se propõem a sediar os jogos, ver se as quadras e espaços que serão usadas têm segurança, se tem as extensões mínimas estabelecidas na regra para cada modalidade, se as demarcações das quadras estão de acordo com a regra atualizada de cada modalidade, se as tabelas de basquete, traves e mastros estão em condições de uso para garantir a integridade física dos atletas, se os alojamentos têm realmente condições de segurança e estrutura para acomodar as delegações entre outras coisas. 

Estas simples medidas evitariam diversos problemas como já aconteceu em alguns zonais onde as quadras não tinham as extensões mínimas, as medidas das áreas de futsal eram menor do que os 6m, a linha dos três do basquete estava fora dos padrões e feita de fita adesiva de última hora, falta de tabela de basquete ou em alguns casos sem condição de uso, alojamentos oferecidos sem estruturas adequadas de banheiros e cozinha, além da falta de segurança mínima.

Moral da história, a Coordenação se preocupa muito consigo mesma, más não está nem ai para os participantes, se preocupa somente com o que pode acontecer dentro de quadra exigindo atestado médico, más não se preocupa com a estrutura do evento no geral, se alguma coisa acontece com um atleta pela falta de estrutura e segurança em algum alojamento, quem deve ser culpado? 

É triste, más os números não mentem e mostram que se não for feito alguma coisa urgente, principalmente por parte dos municípios, os jogos estarão condenados.

Ano que vem na primeira reunião, os municípios deveriam participar em massa e exigir mudanças, deixando claro que se isso não acontecer não haverá participação dos mesmos, e divulgar essa decisão na imprensa como forma de protesto, que sabe assim as coisas comecem a mudar.

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